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Anticorpos biespecíficos: uma oportunidade terapêutica inovadora na oncologia

Atualizado: 10 de dez.



Os anticorpos biespecíficos representam uma nova classe de imunoterápicos que estão revolucionando o tratamento do câncer. Sua inovação reside na capacidade de direcionar o sistema imunológico de maneira altamente específica e eficaz. Mas em que exatamente está sua inovação, se os anticorpos monoclonais vieram com essa premissa em meados de 1980? Os anticorpos biespecíficos são moléculas projetadas para reconhecer e se ligar simultaneamente a dois alvos diferentes. Essa dupla especificidade permite que eles aproximem células imunes, como linfócitos T, das células tumorais, aumentando a capacidade do sistema imunológico de combater o câncer.


Quais anticorpos biespecíficos estão aprovados no Brasil?


No Brasil, as terapias biespecíficas que receberam aprovação da Anvisa são utilizadas especialmente para o tratamento de neoplasias hematológicas. Entre os principais exemplos estão:

O teclistamabe é um anticorpo biespecífico aprovado para o tratamento de pacientes com Mieloma Múltiplo recidivado ou refratário. Ele se liga ao antígeno BCMA (maturação de células B) na célula tumoral e ao CD3 nos linfócitos T. É indicado para pacientes que não responderam a terapias convencionais, incluindo imunomoduladores, inibidores de proteassoma e anticorpos monoclonais anti-CD38.
Elranatamabe: também é direcionado para a indicação de Mieloma Múltiplo recidivado ou refratário. Esse anticorpo biespecífico é capaz de detectar o antígeno de maturação das células B (BCMA) e também a proteína CD3.
Talquetamabe: é um dos primeiros anticorpos biespecíficos a direcionar o antígeno GPRC5D, uma nova molécula-alvo no tratamento do mieloma múltiplo, oferece uma alternativa para pacientes com resistência ao tratamento baseado em BCMA.
Epcoritamabe: anticorpo biespecífico IgG1 humanizado, aprovado para o tratamento de linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) recidivado ou refratário, após progressão a ≥ 2 linhas de terapia sistêmica. Liga-se às células T CD3 e às células B malignas CD20, induzindo a ativação e atividade citotóxica das células T, resultando na destruição das células linfomatosas.

Conheça agora um anticorpo biespecífico utilizado no tratamento de um tumor sólido. A farmacêutica especialista Deborah Melo, e professora da pós-graduação de Farmácia Oncológica da Propósito Cursos, comenta sobre o amivantamabe no vídeo abaixo:






Quais os principais eventos adversos a serem monitorados após a administração de um anticorpo biespecífico?


Os eventos adversos dos anticorpos biespecíficos incluem reações à infusão, síndrome de liberação de citocina, efeitos relacionados ao sistema imunológico, infecções, autoimunidade, com destaque à síndrome de liberação de citocina, uma reação imunológica grave, especialmente em malignidades linfoides, em que o feedback positivo leva à elevação progressiva de citocinas inflamatórias pelos linfócitos T. Essa condição resulta de uma ativação intensa e descontrolada dos linfócitos T, que liberam grandes quantidades de citocinas pró-inflamatórias como IL-6, IFN-γ e TNF-α. Clinicamente, a síndrome pode se manifestar com febre, hipotensão, taquicardia, hipoxemia e, em casos graves, disfunção de órgãos. Normalmente ocorre dentro de dois a três dias (máximo de 14 dias) após a exposição ao agente incitante, embora o curso do tempo possa variar.



Quais os principais desafios da incorporação de anticorpos biespecíficos na prática clínica?


O alto custo dos anticorpos biespecíficos representa um obstáculo significativo para sua ampla disponibilização, especialmente em sistemas públicos de saúde. Essas terapias demandam não apenas investimentos elevados na aquisição dos medicamentos, mas também na infraestrutura necessária para sua administração e monitoramento. O impacto financeiro é ampliado pela necessidade de hospitalizações prolongadas em alguns casos, uso de terapias de suporte, e intervenções para tratar eventos adversos graves, como a síndrome de liberação de citocinas. Assim, a incorporação dessas tecnologias em sistemas de saúde de recursos limitados exige políticas públicas robustas, negociações de preços e estratégias de financiamento que permitam maior acesso aos pacientes.


Além disso, o manejo de terapias de alta complexidade exige que as equipes multiprofissionais sejam devidamente treinadas. Isso inclui médicos, farmacêuticos, enfermeiros e outros profissionais de saúde que devem estar capacitados para lidar com a administração, monitoramento e gerenciamento de eventos adversos associados a esses medicamentos. A formação deve abranger não apenas aspectos técnicos, como reconhecimento e manejo de reações adversas graves, mas também estratégias de comunicação eficaz com pacientes e cuidadores.


Conclusão


A introdução de anticorpos biespecíficos marca o avanço no manejo de neoplasias, principalmente hematológicas. Essas terapias são projetadas para direcionar alvos específicos e mediar respostas imunes, oferecendo opções eficazes para pacientes refratários a tratamentos convencionais. No entanto, sua incorporação à prática clínica exige ajustes estruturais e protocolos claros, dada a complexidade de administração e monitoramento dos efeitos adversos. O desenvolvimento contínuo dessas terapias reforça a necessidade de atualização constante por parte dos profissionais de saúde e a expansão de pesquisas em imunoterapia para maximizar os benefícios clínicos e superar desafios operacionais.



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