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O câncer de próstata, especialmente prevalente entre homens com idade a partir de 65 anos, está entre os tipos de câncer mais comuns e de alta mortalidade globalmente, correspondendo ao segundo mais evidente no ranking de novos casos de câncer em homens, alcançando 14,2% (GLOBOCAN, 2022). No Brasil, ele se destaca tanto pelo impacto na saúde pública quanto pela complexidade no tratamento. Embora a progressão do câncer de próstata possa ser lenta, muitos casos evoluem para estágios com metástases frequentes em ossos e linfonodos. Esse cenário leva a sintomas que impactam fortemente a qualidade de vida, como dor óssea, fadiga e sintomas urinários. Diante disso, uma abordagem multidisciplinar é fundamental, com o farmacêutico oferecendo um suporte qualificado ao longo de todo o tratamento.
Qual a contribuição do controle hormonal no câncer de próstata?
O câncer de próstata depende, em grande medida, de andrógenos como a testosterona, para o seu crescimento e desenvolvimento. A produção desse hormônio é controlada por complexos mecanismos no eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, em que hormônios como o luteinizante (LH) e o liberador de gonadotrofinas (GnRH) regulam a síntese de testosterona. Esse processo leva à ativação de receptores de andrógenos, que promovem a proliferação celular e, em casos de câncer de próstata, o crescimento tumoral. Para conter essa progressão, a terapia de deprivação androgênica (ADT) é amplamente utilizada. Ela reduz os níveis de testosterona a valores quase indetectáveis, retardando o avanço desse câncer. Essa terapia pode ser realizada por meio de agonistas e antagonistas de LHRH, orquiectomia e, mais recentemente, através de agentes que inibem a síntese de andrógenos, tanto nos testículos quanto na glândula adrenal.
Para entender mais sobre como o controle hormonal influencia no desenvolvimento dessa doença, confira o que nossa super professora e CEO, a farmacêutica Amanda Arruda, comentou sobre o tema 👇
Quais características do tumor influenciam o tratamento do câncer de próstata?
Os tratamentos variam conforme a extensão da doença e incluem a vigilância nos estágios iniciais, a fim de evitar intervenções desnecessárias. Em casos avançados, opções como ADT, radioterapia, quimioterapia e prostatectomia tornam-se necessárias. Nesse contexto, também é importante esclarecer que o câncer de próstata sensível à castração ocorre em homens que têm um nível sérico de testosterona >50 ng/dL, cuja recorrência pode se manifestar como pela via bioquímica (elevação do antígeno prostático específico apenas), doença localmente avançada ou doença metastática. Ainda assim, o câncer de próstata resistente à castração (CRPC) é um câncer de próstata avançado com evidências de progressão da doença apesar dos níveis de testosterona sérica de castração (<50 ng/dL) após orquiectomia médica ou cirúrgica. Essas informações adicionais ao perfil de células tumorais circulantes, marcadores do metabolismo ósseo e painéis de expressão genética vão delinear as linhas de tratamento para aquele paciente.
Qual o diferencial da contribuição farmacêutica no contexto do câncer de próstata?
O farmacêutico tem uma atuação abrangente no tratamento do câncer de próstata, auxiliando na otimização terapêutica, no gerenciamento dos efeitos adversos, na garantia da segurança e na qualidade dos processos relativos à terapia medicamentosa, contudo, também possui contribuição importante no reforço da terapia não medicamentosa, constituindo essencialmente os hábitos de vida que são tão importantes para o resultado global do tratamento. Uma parte significativa das alternativas terapêuticas para o câncer de próstata é administrada por via oral. Dessa forma, a educação e a orientação ao paciente e familiares/rede de apoio são fundamentais para o sucesso do tratamento. Este momento em que o farmacêutico explica o uso adequado dos medicamentos, descreve os horários, investiga as interações medicamentosas e alimentares e aborda sobre os eventos adversos mais frequentes é fundamental para aumentar a adesão ao tratamento.
Quais são as principais oportunidades de atuação clínica do farmacêutico no tratamento de pacientes com câncer de próstata?
A contribuição do farmacêutico na Oncologia é essencial no gerenciamento de diversas fases do tratamento e, como visto, há um destaque no contexto do câncer de próstata. A terapia de privação androgênica (ADT), alternativa bastante utilizada, requer o acompanhamento do perfil de cálcio e vitamina D, e o farmacêutico auxilia na prevenção da osteoporose, além de monitorar outros sintomas comuns como os distúrbios emocionais, fadiga e perda de libido, sugerindo intervenções como suporte psicológico e atividades físicas leves. Outro foco é a prevenção ou intervenção em interações medicamentosas, comum devido ao uso de múltiplos medicamentos pela presença de comorbidades, como hipertensão e diabetes. Além disso, o manejo de reações adversas é fundamental, em que o farmacêutico monitora e orienta sobre a ocorrência de eventos comuns, como rash cutâneo, comum em terapias-alvo e tratamentos hormonais, orientando cuidados com a pele e, se necessário, recomendando o uso de hidratantes, medicamentos isentos de prescrição ou o encaminhamento para avaliação dermatológica.
Conclusão
A colaboração do farmacêutico no tratamento do câncer de próstata é indispensável, abrangendo desde a orientação inicial até o monitoramento terapêutico contínuo e a introdução de novas terapias. Sua atuação é essencial para a manutenção da qualidade de vida do paciente e a otimização dos resultados terapêuticos, garantindo que a complexa jornada de tratamento seja enfrentada com suporte e segurança em cada etapa.
REFERÊNCIAS
UPTODATE. Overview of the treatment of castration-resistant prostate cancer (CRPC). Disponível em: https://www.uptodate.com. Acesso em: 05 nov. 2024.
UPTODATE. Overview of systemic treatment for recurrent or metastatic castration-sensitive prostate cancer. Disponível em: https://www.uptodate.com. Acesso em: 5 nov. 2024.
INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER. Global Cancer Observatory: Cancer Today. GLOBOCAN 2022. Lyon: IARC, 2022. Disponível em: https://gco.iarc.fr/today. Acesso em: 5 nov. 2024.
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