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Ferramentas da Farmácia Clínica na Oncologia: uma análise sobre o câncer de próstata


Imagem: Freepik


A campanha “Novembro Azul” se dedica à conscientização sobre a saúde masculina, especialmente no que diz respeito ao câncer de próstata. Uma das abordagens relevantes nesse contexto é a terapia de privação androgênica (TPA), considerada uma terapêutica standard para o câncer de próstata avançado. Essa terapia visa reduzir os níveis de hormônios androgênicos, como a testosterona, no organismo. Para entender melhor sobre ao que diz respeito, é essencial explorar o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG), que desempenha um papel importante na regulação hormonal.


Como o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal influencia o sistema geniturinário masculino?


O eixo HHG é um sistema complexo que envolve a interação entre o hipotálamo, a glândula pituitária (hipófise) e os testículos. O hipotálamo libera o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), que estimula a hipófise, por meio de um sistema vascular portal, a secretar dois hormônios principais: o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-estimulante (FSH). O LH, por sua vez, estimula as células de Leydig nos testículos a produzirem testosterona. Também é responsável por estimular a síntese testicular de testosterona e seus dois principais metabólitos ativos, estradiol e 5-alfa-di-hidrotestosterona (DHT). Enquanto isso, o FSH é responsável pela produção de esperma. Quando se utiliza a TPA, o objetivo é bloquear ou inibir essa produção de andrógenos, seja através de medicamentos que inibem a secreção de GnRH, seja por meio de antagonistas do LH ou do FSH.


Entenda como o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal atua na regulação e equilíbrio hormonal! A coordenadora da pós de Farmácia Oncológica Amanda Arruda explica um pouco no vídeo abaixo 👇 





O que pode levar a alterações no eixo hipotálamo-hipófise-testicular?


O eixo hipotálamo-hipófise-testicular é altamente suscetível a fatores de estresse. Tanto doenças agudas quanto crônicas podem levar à diminuição das concentrações de gonadotrofina e testosterona no sangue, através de diversos mecanismos. Isso inclui o aumento da liberação do hormônio liberador de corticotropina (CRH), além da ação de citocinas, dopamina e opioides produzidos pelo próprio organismo. Práticas como jejum e restrição calórica também têm um impacto negativo, reduzindo a leptina sérica, essencial para a produção normal do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), e, consequentemente, os níveis de testosterona em homens saudáveis e com peso normal. Além disso, o uso de opioides exógenos, corticosteroides e certas medicações ou condições que provocam hiperprolactinemia podem suprimir o funcionamento desse eixo hormonal.


Qual é o papel do receptor de andrógeno (AR) na saúde da próstata e no desenvolvimento do câncer de próstata?


O receptor de andrógeno (AR) tem um papel fundamental nesse contexto! O AR é um fator de transcrição que depende de ligantes e pertence à superfamília dos receptores hormonais nucleares (NR). Esses receptores nucleares são responsáveis pela regulação da transcrição gênica ao recrutar diversos fatores corregulatórios que não se ligam diretamente ao DNA que atuam em determinadas regiões dos genes-alvo. Embora compartilhem mecanismos semelhantes, a forma como cada receptor, incluindo o AR, se liga e interage com seus fatores regulatórios e alvos de cromatina é única. Pesquisas a respeito da regulação do AR demonstraram concentração em um único gene-alvo, o antígeno prostático específico (PSA), que é amplamente utilizado para diagnóstico e monitoramento do câncer de próstata. Na presença de andrógenos, o AR aumenta a ligação às regiões regulatórias do PSA ao longo do tempo, sendo predominantemente na região do intensificador do PSA.



 

Farmacêutico clínico, o que você pode oferecer de diferencial no seu atendimento?

A prescrição de terapias hormonais exige uma abordagem personalizada, uma vez que esses tratamentos afetam diretamente os sistemas reguladores do organismo, como já visto. Para uma indicação segura, os profissionais devem avaliar a condição clínica específica do paciente, considerando aspectos como idade, histórico de doenças e presença de comorbidades. Esses fatores podem influenciar tanto a escolha do agente antiandrogênico quanto o regime posológico adequado, atuando na minimização de riscos e otimizar de resultados. A complexidade aumenta em pacientes que já utilizam outros medicamentos, especialmente em casos de doenças crônicas, o que torna a avaliação de interações medicamentosas essencial.


Quais os fatores para a escolha da terapia oncológica e como falar com o médico? Acompanhe no vídeo abaixo 👇





Nesse contexto, o uso de plataformas tecnológicas de apoio à decisão clínica tornou-se uma ferramenta indispensável. Essas plataformas podem identificar possíveis interações entre a terapia hormonal e outros medicamentos, sinalizando riscos que poderiam passar despercebidos. Além disso, elas permitem ao profissional da saúde visualizar o impacto potencial de interações medicamentosas complexas, facilitando decisões mais seguras e assertivas. Ao integrar esses recursos na prática clínica, é possível reduzir o risco de efeitos adversos e melhorar a adesão do paciente ao tratamento, promovendo um manejo mais eficiente e seguro das terapias hormonais. Quer saber mais sobre isso? Aguarde o próximo post! Aproveita e já se inscreve na II Jornada Imersiva em Oncologia.




REFERÊNCIAS 


MATSUMOTO, Alvin M. Male reproductive physiology. UpToDate, 2024. Disponível em: https://www.uptodate.com. Acesso em: 11 nov. 2024.


WANG, Q.; LI, W.; LIU, X. S.; CARROLL, J. S.; JÄNNE, O. A.; KEETON, E. K.; CHINNAIYAN, A. M.; PIENTA, K. J.; BROWN, M. A hierarchical network of transcription factors governs androgen receptor-dependent prostate cancer growth. Molecular Cell, v. 27, n. 3, p. 380-392, 3 ago. 2007. DOI: 10.1016/j.molcel.2007.05.041. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3947890/. Acesso em: 12 nov. 2024.


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