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Foto do escritorProf. João Victor Laureano

Hipertermia Maligna: O Papel do Farmacêutico no Reconhecimento e Tratamento.

hipertermia maligna

A hipertermia maligna (HM) é uma condição rara, mas potencialmente fatal, que pode ocorrer após a exposição a agentes anestésicos como a succinilcolina e os anestésicos inalatórios. Embora comumente associada a procedimentos cirúrgicos, ela pode se manifestar fora da sala de cirurgia, como na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por isso, o farmacêutico clínico desempenha um papel crucial no reconhecimento e manejo imediato dessa emergência médica.


Entendendo a Hipertermia Maligna


A HM é uma reação genética que resulta em aumento descontrolado do cálcio intracelular nos músculos esqueléticos, levando a um estado hipermetabólico. Os sintomas incluem hipercapnia, rigidez muscular e aumento rápido da temperatura corporal, muitas vezes acompanhados de complicações graves, como rabdomiólise e hipercalemia. Sem intervenção rápida, a mortalidade é elevada.


Embora frequentemente diagnosticada em centros cirúrgicos, a HM também pode surgir em UTIs, especialmente em pacientes sedados com agentes desencadeantes. Dessa forma, o treinamento e preparo da equipe multidisciplinar, incluindo farmacêuticos, são essenciais para responder de forma rápida e eficiente a esses casos.


Dantrolene: A Base do Tratamento


O tratamento imediato da HM é feito com a administração de dantrolene, um relaxante muscular que atua bloqueando a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático. Isso interrompe a contração muscular sustentada e previne as complicações metabólicas agudas.


Como o risco de mortalidade e morbidade aumenta para cada atraso de 10 minutos na administração de dantrolene, o foco principal do farmacêutico deve ser obter e preparar a primeira dose de dantrolene.


No entanto, o dantrolene apresenta desafios logísticos. É um medicamento caro, com prazo de validade limitado, e, em muitos casos, pode vencer sem ser utilizado. Apesar disso, é fundamental que as instituições mantenham um estoque mínimo para lidar com emergências.


Estratégias de Gestão de Estoque


Para otimizar o uso e reduzir custos, os hospitais podem adotar estratégias colaborativas:

  1. Parcerias Regionais: Instituições próximas podem estabelecer acordos para compartilhar estoques de dantrolene. Esse fluxo bem definido permite que cada hospital mantenha uma quantidade reduzida do medicamento, sabendo que pode contar com apoio em caso de emergência.

  2. Mapeamento de Recursos: Criar um protocolo que inclua a localização exata dos estoques de dantrolene na instituição e em hospitais parceiros agiliza a resposta a crises.

  3. Treinamento da Equipe: Capacitar os profissionais para reconhecer os sintomas de HM e seguir os protocolos de aquisição e administração do dantrolene garante maior segurança para os pacientes.


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O Papel do Farmacêutico


Na UTI, o farmacêutico pode ser um ponto central na organização e execução do atendimento à HM. Suas responsabilidades incluem:


  • Garantir a disponibilidade do dantrolene.

  • Coordenar a obtenção do medicamento de forma rápida, seja internamente ou através de parcerias.

  • Preparar a dose inicial de 2,5 mg/kg assim que houver suspeita de HM.

  • Notificar a equipe de anestesiologia e outras autoridades médicas apropriadas.


Além disso, o farmacêutico deve se envolver na revisão e atualização dos protocolos institucionais e participar ativamente do treinamento da equipe, garantindo que todos saibam como agir diante dessa emergência rara, mas grave.


Conclusão


A hipertermia maligna pode ser um evento raro, mas sua gravidade exige que os hospitais estejam preparados para responder rapidamente. Com o suporte do farmacêutico clínico e estratégias colaborativas de gestão de estoque, é possível garantir que o dantrolene esteja sempre disponível, reduzindo atrasos no tratamento e melhorando os desfechos para os pacientes. Essa abordagem integrada não apenas otimiza recursos, mas também salva vidas.



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REFERÊNCIAS 


Metterlein, T., Schuster, F., Graf, B. M., & Anetseder, M. (2014). Maligne Hyperthermie [Malignant hyperthermia]. Der Anaesthesist, 63(12), 908–918. https://doi.org/10.1007/s00101-014-2392-x


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