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Pacientes oncológicos apresentam maior risco de infecções devido à imunossupressão associada à doença e aos tratamentos, como a terapia antineoplásica medicamentosa. Estudos indicam que aproximadamente 20% dos pacientes com câncer desenvolvem infecções graves durante o tratamento, destacando a importância de intervenções preventivas e terapêuticas adequadas (CDC, 2024). A neutropenia, um dos principais fatores de risco, aumenta a suscetibilidade a infecções graves, impactando diretamente a morbimortalidade. A adoção de estratégias preventivas e terapêuticas tem contribuído para melhores desfechos clínicos, incluindo o uso racional de antimicrobianos e a imunização. Nesse cenário, farmacêuticos desempenham um papel essencial na identificação de riscos, orientação de protocolos e monitoramento da segurança terapêutica.
Infecções bacterianas durante o tratamento oncológico: o que o farmacêutico precisa saber?
A profilaxia antibacteriana depende do risco de complicações infecciosas. Em pacientes com neutropenia de curta duração (<7 dias) e risco baixo, não é recomendada. Já em casos de neutropenia prolongada (>7 dias) ou imunossupressão grave, fluoroquinolonas, como levofloxacino, são indicadas. Para indivíduos intolerantes, opções incluem trimetoprima/sulfametoxazol (TMP/SMX) ou cefalosporinas orais, sendo estas últimas preferidas em casos de infecções respiratórias ou de pele, enquanto TMP/SMX é particularmente útil na prevenção de pneumonia por Pneumocystis jirovecii. O farmacêutico deve avaliar alergias e potenciais interações medicamentosas, garantindo a adesão ao tratamento e a prevenção de resistências!
Infecções fúngicas durante o tratamento oncológico: o que o farmacêutico precisa saber?
A profilaxia antifúngica é restrita a grupos de alto risco, como pacientes submetidos a transplantes alogênicos ou com neutropenia prolongada. Os azóis, anfotericina B e equinocandinas são agentes com indicações específicas, baseadas na condição clínica e no tipo de terapia. Por exemplo, os azóis, como fluconazol, são frequentemente usados em infecções por Candida; já a anfotericina B é preferida em casos de micoses sistêmicas graves, como aspergilose invasiva; enquanto as equinocandinas, como caspofungina, são indicadas para pacientes com candidemia ou outras infecções fúngicas refratárias. A análise criteriosa da toxicidade e da escolha do antifúngico, realizada pelo farmacêutico, é determinante para evitar efeitos adversos e garantir eficácia.
Profilaxia e tratamento de infecções virais durante o tratamento oncológico: o que o farmacêutico precisa saber?
A profilaxia antiviral é fundamental em pacientes com risco de reativação do vírus da Herpes Simples, Varicela Zoster e Citomegalovírus, especialmente em receptores de transplante e em quimioterapia de alta intensidade. Agentes como aciclovir e valaciclovir são amplamente utilizados.
Monitoramento por PCR e ajustes na terapia antiviral, conforme tolerância e resposta, devem ser conduzidos com suporte do farmacêutico, que também orienta a necessidade de prolongar a profilaxia em casos de imunossupressão persistente.
O rastreamento dos vírus da hepatite B (HBV), hepatite C (HCV) e HIV é mandatoriamente realizado antes de início de terapias imunossupressoras ou terapia antineoplásica. Pacientes positivos para HBV requerem profilaxia com entecavir ou tenofovir para prevenir reativações, conforme recomendado pelas diretrizes da Sociedade Brasileira de Infectologia. O manejo do HCV inclui monitoramento regular, enquanto o HIV demanda terapia antirretroviral integrada. O papel do farmacêutico inclui garantir a compatibilidade entre os esquemas oncológicos e antivirais, além de educar o paciente sobre adesão.
Imunizações durante o tratamento antineoplásico
Vacinas inativadas, como as contra influenza e pneumococo, devem ser priorizadas, enquanto vacinas atenuadas, como as contra sarampo e febre amarela, são contraindicadas durante imunossupressão. Pacientes submetidos a transplantes necessitam de reimunização pós-transplante para reestabelecimento da imunidade. O farmacêutico tem papel ativo na elaboração de calendários vacinais personalizados, considerando fatores como intensidade de imunossupressão e intervalos seguros entre as doses.
Infecções relacionadas ao uso de tratamentos imunológicos e alvo-dirigidos: o que o farmacêutico precisa saber?
Os tratamentos imunológicos e as terapias-alvo estão associados a padrões específicos de infecção. No caso do anti-HER-2, por exemplo, o pertuzumabe pode aumentar o risco de infecções de pele e unhas, além de causar erupções cutâneas induzidas por medicamentos, incluindo dermatite acneiforme. Essas manifestações podem ser exacerbadas por alterações na barreira cutânea e imunomodulação local causada pela terapia. Em pacientes sob terapias-alvo, infecções oportunistas e reativações virais também são relatadas, embora com menor frequência em comparação à quimioterapia clássica. A abordagem preventiva inclui cuidados rigorosos com a pele, uso profilático de agentes tópicos ou sistêmicos em casos selecionados, e avaliação contínua para intervenções precoces. O acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, incluindo o farmacêutico, é essencial para gerenciar esses riscos e otimizar o curso terapêutico.
Conclusão
A prevenção e o tratamento de infecções relacionadas ao câncer demandam abordagem multidisciplinar, na qual o farmacêutico atua de forma integrada para otimizar a terapia, reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O conhecimento das diretrizes clínicas e a implementação de estratégias individualizadas reforçam a segurança e a eficiência do cuidado oncológico.
REFERÊNCIAS
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guidelines for Preventing Opportunistic Infections Among Hematopoietic Stem Cell Transplant Recipients. Atlanta, GA: CDC, 2024.
NATIONAL COMPREHENSIVE CANCER NETWORK. NCCN Guidelines Version 3.2024: Prevention and Treatment of Cancer-Related Infections. Plymouth Meeting, PA: NCCN, 2024. Disponível em: https://www.nccn.org. Acesso em: 17 dez. 2024.
CANADA. Canadian Immunization Guide Part 3: Vaccination of Specific Populations. Public Health Agency of Canada, 2024. Disponível em: https://www.canada.ca/en/public-health/services/publications/healthy-living/canadian-immunization-guide-part-3-vaccination-specific-populations/page-8-immunization-immunocompromised-persons.html. Acesso em: 17 dez. 2024.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guidelines for Preventing Opportunistic Infections Among Hematopoietic Stem Cell Transplant Recipients. Atlanta, GA: CDC, 2024.
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