Os pesquisadores basearam suas estimativas na análise de dados globais de RAM de 1990 a 2021.
A resistência antimicrobiana (RAM) é um dos maiores desafios de saúde pública mundial. Estudo publicado recentemente na The Lancet aponta que, se ações significativas não forem tomadas, as infecções resistentes a antibióticos podem causar mais de 39 milhões de mortes em todo o mundo até 2050. Esses números refletem uma crise iminente, com um aumento estimado de quase 70% nas mortes atribuídas à RAM em comparação a 2022.
O Estudo e Suas Descobertas
Os pesquisadores analisaram dados globais de resistência antimicrobiana entre 1990 e 2021, abrangendo 22 patógenos, 84 combinações entre patógenos e tratamentos, e 11 síndromes infecciosas. A pesquisa foi baseada em mais de 520 milhões de registros de 204 países e territórios, incluindo dados hospitalares, registros de óbitos e uso de antibióticos.
A análise revelou que, apesar das melhorias no controle de infecções em crianças menores de cinco anos, com uma queda de 60% nas mortes causadas pela RAM nesse grupo entre 1990 e 2021, a situação é bem diferente para a população idosa. As mortes entre adultos com mais de 70 anos aumentaram em 90% no mesmo período. Isso reflete o rápido envelhecimento global e a maior suscetibilidade dos idosos às infecções.
O patógeno Staphylococcus aureus foi identificado como o principal causador de mortes associadas à resistência a antibióticos, com aumento expressivo nos últimos 30 anos.
Impactos Futuros da RAM
Se nada for feito, entre 2025 e 2050, a RAM poderá estar diretamente ligada a 39 milhões de mortes e associada a cerca de 169 milhões de óbitos. A resistência a antimicrobianos pode vir a ser uma das principais causas de morte no mundo, superando até doenças como HIV/AIDS e malária, que em 2019 mataram menos pessoas do que a RAM.
Os autores do estudo indicam que, para evitar essa catástrofe, é essencial melhorar o acesso a antibióticos de qualidade, desenvolver novas terapias antimicrobianas e implementar medidas preventivas, como vacinas e melhores práticas de controle de infecções.
Estratégias para Combater a RAM
Especialistas apontam várias estratégias para combater o avanço da RAM. Entre elas, o aprimoramento de políticas de prescrição e uso racional de antibióticos, a otimização de tratamentos e o desenvolvimento de novas classes de antibióticos são fundamentais. Também é crucial expandir o acesso à assistência médica de qualidade, especialmente em regiões vulneráveis, como o Sudeste Asiático e a África Subsaariana.
Além disso, é importante a implementação de modelos inovadores de financiamento, como o modelo de pagamento por assinatura adotado pelo NHS England, que incentiva o desenvolvimento e fornecimento de novos antimicrobianos sem depender do volume de vendas, focando em sua eficácia e impacto na saúde pública.
Conclusão
A resistência antimicrobiana é uma crise de saúde que exige uma resposta global coordenada. O aumento nas mortes causadas por infecções resistentes a antibióticos pode ser mitigado com ações urgentes, como o desenvolvimento de novos medicamentos, melhoria no acesso a tratamentos e fortalecimento das medidas de prevenção. Se essas ações não forem tomadas, o mundo enfrentará uma crise de saúde pública sem precedentes, com milhões de vidas perdidas a cada ano.
Taxas de mortalidade por 100.000 habitantes atribuíveis à RAM, todas as idades, 1990, 2021, 2050. (A) Taxa de mortalidade atribuível à RAM, todas as idades, 1990. (B) Taxa de mortalidade atribuível à RAM, todas as idades, 2021. (C) Taxa de mortalidade atribuível à RAM, todas as idades, 2050. RAM=resistência antimicrobiana.
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Referência:
GBD 2021 Antimicrobial Resistance Collaborators. “Global burden of bacterial antimicrobial resistance 1990-2021: a systematic analysis with forecasts to 2050.” Lancet (London, England) vol. 404,10459 (2024): 1199-1226. doi:10.1016/S0140-6736(24)01867-1
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